quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Memórias Negras


Memórias negras no Brasil e em Poços de Caldas




Roberto Teresiano
Jornalista e pesquisador



Local: Cia. Bella de Artes - Rua Prefeito Chagas, 305 – Andar PL, Centro

Sábado, 27 de novembro, às 16h. Entrada Franca.



Uma leitura sobre o negro na sociedade estratificada e de classes a partir do olhar de um pesquisador autodidata negro e jornalista conhecedor da memória de Poços de Caldas, a oficina deste sábado pretende levantar uma discussão sobre as condições sociais da população negra em nosso país, sua formação cultural e a histórica desvalorização dessa riquíssima cultura.

Roberto Teresiano, respeitado jornalista e pesquisador da história de Poços de Caldas abordará no formato dialógico com professores, educandos, artistas e agentes culturais o papel do negro na sociedade de classes, sua cultura e aspectos interessantes da constituição histórica de Poços de Caldas, em especial da população negra que aqui fez e faz sua vida.

Com incentivo da Alcoa Poços de Caldas, através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, o projeto Ciclo de Oficinas Culturais Juventude e Cidadania apresenta sua 10ª oficina, que contará com exposição de fotos de escravos do final do século XIX. Segundo a Assessora Pedagógica do projeto, Greice Keli Alves, o tema escolhido tem íntima relação com a Semana da Consciência Negra e pretende ainda colaborar com uma leitura crítica dos agentes envolvidos sobre a cultura negra, cultura de “resistência”.

Maiores informações podem ser obtidos pelo telefone: 35-99761513, com Diney Lenon, Coordenador do Projeto.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O tempo

por Érika N. Picoli


O tempo é um momento,

do agora, do antes e do depois.

É como o Amor,

vivemos a toda hora,

sentimos antes e agora.

É como um trem,

corre, corre e corre...

Nunca vemos um parado,

é como as horas,

passam e nem vemos.

O tempo é um movimento

que se mexe,

nunca vemos um tempo parado.

O tempo é um momento,

um antes, um depois, um agora,

um amor, um depois.

Como um trem,

como as horas,

como um agora.

O tempo é um tempo.

O tempo é a vida.


A autora é educanda do 7º Ano do Ensino Fundamental da
Escola Estadual Professor Arlindo Pereira
 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Odeio os indiferentes, por Antônio Gramsci

Odeio os indiferentes. Acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.

A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.



domingo, 21 de novembro de 2010

Proibido Parar! O elo entre a repressão e a arte

Mutações do Visível (Dica de leitura)


O compromisso essencial deste livro é analisar mutações de uma época de comunicação generalizada e em rede, na qual a vida social, as mentalidades, os valores e os processos culturais parecem definitivamente vinculados a telas, monitores e ambientes virtuais, sob o imperativo da cultura tecnológica e da midiatização.

Para enfrentar este quadro desafiador, Dênis de Moraes reúne um elenco de intelectuais que se destacam internacionalmente no exame de perspectivas, contradições e dilemas na órbita da multiplicação de canais, redes, sistemas, plataformas, circuitos info-eletrônicos, suportes e dispositivos.

O livro oferece um conjunto de reflexões sobre temas que aguardavam por análises aprofundadas, tais como: modelos de mediação na interseção da comunicação de massa com a comunicação em rede; os condicionantes da geração de conteúdos no capitalismo tecnológico; a incessante circulação de informações, saberes e entretenimentos em condições desiguais de acesso, assimilação e resposta; formas de hegemonia e contra-hegemonia que se defrontam na arena simbólica; concentração monopólica nos setores info-comunicacionais e o requisito da regulação pública; estratégias midiatizadas de celebração e consagração no campo jornalístico; ideologia e representação simbólica no ciberespaço; realinhamentos culturais e educativos nas redes planetárias; e fronteiras de sociabilidade e criatividade no entorno digital.

No prefácio, o cientista político Marco Aurélio Nogueira assim avalia a obra: "Mutações do visível traduz com competência os desafios que o mundo atual está experimentando no estratégico e sempre mais central setor da comunicação e da informação. Há nele uma combinação bem-sucedida de enfoques distintos que buscam convergir para uma mesma zona de embate crítico. São reflexões que privilegiam o que existe de protagonismo da mídia sem descuidar das disputas de sentido e das lutas por hegemonia que atravessam o campo da comunicação. Essa é sua força, e nisso repousa sua enorme utilidade".

Editora: Pão e Rosas
Ano: 2010

DÊNIS DE MORAES nasceu no Rio de Janeiro em 1954. É doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pós-doutor pelo Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO), sediado em Buenos Aires, Argentina.

sábado, 20 de novembro de 2010

Brasil: Um verdade Inconveniente (2000)

Enquanto todo o mundo conhece a história da escravidão nos EUA, poucas pessoas percebem que o Brasil foi, na verdade, o maior participante do comércio de escravos. Quarenta por cento de todos os escravos que sobreviviam à travessia do Atlântico eram destinados ao Brasil, quando apenas 4% iam para os EUA.
Chegou uma época em que a metade da população brasileira era de escravos. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, em 1888.
O documentário tem depoimentos dos historiadores João José Reis, Cya Teixeira, Marilene Rosa da Silva; do antropologista Peter Fry e outras pessoas que contam os efeitos de séculos de escravidão no Brasil de hoje. Este é um importante documentário sobre a história dos negros, história africana e estudos latinoamericanos.
(Filmakers Library)
Para baixar esse filme, vá no link acima vídeo.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Terrorismo de Estado na Colômbia




Por Azalea Robles

A história da Colômbia está definida pela pilhagem dos seus recursos: pelo Terrorismo de Estado para manter um status quo de injustiça social. O Estado colombiano facilita a pilhagem dos recursos naturais e humanos da Colômbia: é o que garante os interesses das multinacionais e da oligarquia.

Portanto, todo aquele que reivindica por justiça social é assassinado, e vilas inteiras são arrasadas com a finalidade de esvaziar as terras de grande interesse econômico: eliminação sistemática das demandas sociais, políticas, econômicas, ecológicas...

Uma situação dramática que os grandes meios de comunicação de massas sistematicamente ocultam ou falsificam. Agora essa falsa mídia quer fazer crer que o governo de Santos é mais moderado, mas nada está mais longe da realidade.

Apenas dois dados: nos primeiros 75 dias do seu mandato, foram assassinados 22 defensores de direitos humanos (1), e foram violentadas e assassinadas 3 crianças pelo exército, no que faz parte da prática do terrorismo de Estado (2).

O extermínio da oposição, a belicosidade e o empobrecimento continuam a se intensificar com Santos, como pode se evidenciar pelos bombardeios maciços, os desaparecimentos forçados, os aprisionamentos políticos e as Leis lesivas que promovem mais privatizações e deslocamentos massivos de populações, como é o caso de "Lei de Terras", apresentada como a panacéia pela mídia, embora seja "uma lei sem consulta que coloca vidas em risco e legaliza o despojo" (3).

Os números são importantes porque permitem dar uma dimensão do que é um dos piores genocídios da história contemporânea da humanidade, um genocídio silencioso.

A seguir mostramos o quadro do que é, em números, o Terrorismo de Estado na Colômbia.

O terrorismo de Estado na Colômbia é:

*Somente nos últimos três anos, o desaparecimento de mais de 38.255 pessoas pelas mãos do Terrorismo de Estado na Colômbia. Estima-se, atualmente, em 250.000 o número de pessoas desaparecidas (seqüestradas ou torturadas) sob a lógica de “dissuadir as reivindicações pelo terror” (O Estado busca que o terror perdure quando um corpo desaparece, pois prolonga a angustia nos sobreviventes) (1)

* A eliminação física de todo um partido político, a União Patriótica (UP): mais de 5.000 pessoas da UP foram assassinadas pelo Estado (2).

* Mais de 2.704 sindicalistas assassinados: 60% do total de sindicalistas assassinados em todo o mundo são mortos na Colômbia pelas ferramentas do terrorismo de Estado (3).

*Na Colômbia, a situação de injustiça social é esmagadora e, a cada dia, se alarga a brecha entre ricos e pobres, sendo a repressão estatal busca calar o descontentamento natural diante desta dramática situação.

Da população da Colômbia 68% vive na pobreza e na indigência. A concentração da riqueza é escandalosa: a Colômbia é o 11º país maior desigualdade social do mundo (colocação n°. 11 do coeficiente GINI de desigualdade), e é o país mais desigual das Américas. Dizemos que existem, segundo os números mais conservadores, 8 milhões de indigentes e 20 milhões de pobres (4).

Anualmente, morrem mais de 20 mil crianças menores de 5 anos de desnutrição aguda (dados da UNICEF). De cada 100 mulheres grávidas deslocadas, 80 sofrem de desnutrição crônica (5). Simultaneamente, e correlativo a esta miséria, um único banqueiro, Sarmiento Angulo, controla 42% do crédito nacional e declarou lucros de 1,250 bilhões de dólares no último bimestre de 2009. (6)

* Terrorismo de Estado é o deslocamento de populações em beneficio do grande capital: mais de 4,5 milhão de pessoas foram deslocadas de suas terras pelos massacres dos militares e paramilitares dentro da Estratégia Estatal de "terra arrasada" para esvaziar a população das áreas rurais e assim oferecer as terras de alto interesse econômico às multinacionais sem que haja reivindicações nem moradores...(7).

* 10 milhões de hectares foram roubados assim das vítimas e estas, deslocadas. Essas mesmas terras foram oferecidas para as multinacionais, ao grande latifúndio e a novos chefes paramilitares. O escândalo do "agroingresso seguro” serviu para consolidar este roubo (8).

* Terrorismo de Estado é a maior vala comum da América Latina, uma descoberta dantesca que, entretanto, ainda não levou ao repúdio internacional que merece o regime colombiano: mais de 2.000 ossadas de desaparecidos pela força Omega do “Plano Colômbia” (9).

* Terrorismo de Estado é a utilização de uma Ferramenta Paramilitar para injetar o Terror na população, a fim de silenciá-la, docilizá-la e deslocá-la. Uma ferramenta de horror que prática violações em massa, esquartejamentos com motosserra, empalações e outras formas de terror de dar arrepios.

Um relatório do Escritório de Justiça e Paz, de fevereiro de 2010, indicava que os paramilitares asseguram ter cometido 30.470 assassinatos em 15 anos. E o drama se vislumbra ainda mais dantesco. Vários paramilitares têm testemunhado sobre o caráter estratégico da Estrutura Paramilitar para o próprio Estado colombiano, e deram dezenas de nomes de generais, empresários, multinacionais, políticos, todos promotores do paramilitarismo. E ainda não veio a merecida condenação internacional ao Estado colombiano que continua impune com tais práticas genocidas (10).

* Milhares de valas comuns contendo milhares de cadáveres de colombianos massacrados pelo paramilitarismo de Estado colombiano: os paramilitares deram algumas coordenadas das valas para assim ser amparar na “Lei de Justiça e Paz", que foi criada sob a direção de um dos maiores promotores do paramilitarismo: Álvaro Uribe Vélez. É uma lei que lhes proporciona impunidade se mostrarem “arrependimento”.

Em abril de 2007, quando terminava o primeiro ano de busca de valas comuns, a promotoria recebeu 3.710 denuncias de áreas onde podiam ser localizadas, mas a maioria não pode ser explorada, segundo o Estado, por "falta de recursos...” As famílias de milhares vítimas esperam pelos testes de DNA nas ossadas encontradas, mas o Estado justifica sua inoperância alegando "falta de recursos" e “estouro do orçamento”, mas para patrocinar militares e paramilitares os recursos aparecem na hora.

* Terrorismo de Estado são os fornos crematórios e as criações de jacarés da Ferramenta Paramilitar do Estado e das multinacionais, onde os paramilitares fizeram desaparecer a milhares de pessoas... (11).

* Milhares de assassinatos, incluindo o escândalo dos "falsos positivos": os militares sequestram jovens, são disfarçados como guerrilheiros e assassinados para assim apresentá-los como “guerrilheiros mortos em combate".

Os meios de comunicação de massa se encarregam de difundir a mentira, visto que na Colômbia, os meios de comunicação de massa dão como verdade o que suas fontes militares dizem. Isto é feito pelos militares para "mostrar os resultados" da sua guerra contra insurgente e também para assassinar os civis que incomodam.

A cobertura mediática dos mortos que são tidos como guerrilheiros é absolutamente macabra na Colômbia: mostram-se os corpos alinhados, seminus, para, dessa maneira, moldar a opinião pública na desumanização dos guerrilheiros. A diretiva N°. 029, do Ministério da Defesa, fomenta os “falsos positivos” (12).

* Mais de 7.500 presos políticos, muitos deles vítimas de armações jurídicas, uma prática comum contra ativistas dos movimentos sociais (13).

* Centenas de auto-atentados, outro tipo de "falsos positivos" por parte das forças policiais e militares que já colocaram bombas na própria cidade de Bogotá para assim poder criar a base para armações mediáticas de desprestigio contra as guerrilhas. Estes auto-atentados foram preconizados pelo DAS, o Departamento Administrativo de Segurança, como consta de documentos (14).

* As violações dos direitos humanos têm sido aprofundadas no que se evidencia como um país ocupado: na Colômbia existe uma numerosa presença de militares dos EUA e mercenários israelenses; foram implantadas sete bases militares dos EUA, sendo que o Estado colombiano concedeu aos ‘marines’ total imunidade para todos os crimes que cometerem na Colômbia. Já existem vários casos de violentadas por ‘marines’, que estão em total impunidade, pois ‘marines’ têm "carta branca" para violentar, torturar e assassinar na Colômbia (15).

A violência é a ofensiva do grande capital, na sua ânsia de não perder a Colômbia como valioso "armazém de recursos", por isso implantaram e mantiveram essa aberração que hoje é o Estado colombiano.

Se não fosse pela “ajuda” descomunal dos EUA e da UE esse Estado criminoso teria deixado de existir há muitos anos, não teria endividado o povo colombiano para manter os gastos militares e, não contaria com a sua Estratégia Paramilitar de Terrorismo de Estado.

Sem seus apoios militares e mediáticos, o Estado colombiano não poderia ter cometido tanta barbárie; e o povo colombiano teria conseguido a sua verdadeira independência, sua emancipação de tanta inveja, morte e dor.

Fonte: rebelion.org

domingo, 7 de novembro de 2010

Educação e Cidadania



A educação escolar é um direito de todos assegurado por leis, tratados e convenções internacionais, A exemplo, da Declaração Mundial de Educação para Todos (1990), segundo a qual “a educação é direito fundamental de todos, mulheres e homens de todas as idades”. A forma como a educação se apresenta hoje resulta de várias décadas de conquistas, observando-se grandes transformações nesse percurso, seguindo a cultura, a história e a realidade de cada época.
A Constituição Federal de 1988 foi um marco desse processo histórico de construção das garantias do direito à educação. Considerando a realidade brasileira, a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, documentos que estabelecem os deveres do Estado e da família acerca da garantia do direito à aprendizagem escolar é possível estabelecer um marco regulatório consistente que possibilita a ação cidadã pela garantia dos direitos estabelecidos em lei e muitas vezes carentes de efetividade.
O direito social da aprendizagem na escola não tem de ser garantido apenas pelas leis ou pela ONU, também é um dever a ser garantido pela família, esta se colocando como sujeito imprescindível no processo. No entanto, é preciso que haja uma reflexão em torno da prática pedagógica que acontece atualmente em nossas escolas e encontremos uma maneira de que ela seja mais construtiva e transformadora. É necessário que os professores se conscientizem sobre a sua importância no processo de ensino-aprendizagem e na influência que sua prática pode causar na vida dos estudantes.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, além de uma formação inicial consistente, é preciso considerar um investimento educativo contínuo e sistemático para que o professor se desenvolva como profissional de educação. O conteúdo e a metodologia para essa formação precisam ser revistos para que haja possibilidade de melhoria do ensino. A formação não pode ser tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e crítico sobre a prática educativa. Investir no desenvolvimento profissional dos professores é também intervir em suas reais condições de trabalho (BRASIL, 1998).
A escola como um importante setor da sociedade que pode possibilitar a reprodução de uma ordem social pode também fomentar a reconstrução de uma ordem criticada para uma outra realidade desejada, humanizada. Para tanto, é necessário que esta escola seja um espaço de aglutinação de sujeitos que venha a formar a comunidade escolar, num ambiente colaborativo, de cooperação e identidade comum.
Um ponto importante na formulação dessa comunidade escolar que deve ser ressaltado é a necessidade da compreensão clara de quem são os sujeitos que a compõem. Esses sujeitos são oriundos de uma diversidade cultural. O entendimento dessa diversidade e mais, a promoção e valorização dessa diversidade poderão contribuir para que a questão da garantia do acesso à escolarização viabilizada pelos acordos e convenções internacionais não se resumam ao “estar na escola”, mas também ao “estar bem” na escola. Essa escola terá como princípio a participação e a cidadania. Para tanto, os processos de constituição dessa cultura deverão ser alvo de estudos e dedicação dos sujeitos envolvidos.
Ao entendermos a educação como processo cultural, avançamos nas possibilidades de construção identitária. Assim, educação, movimento social e participação cidadã são indissociáveis e imprescindíveis nesse processo. Os movimentos sociais têm essa característica de envolvimento e afirmação de sujeitos históricos. Os sujeitos se constituem assim como produtores e produtos históricos, como sujeitos.
É necessário que haja um movimento de “repensar a escola”. Este repensar perpassa o Projeto Político Pedagógico, documento norteador do cotidiano da escola que deve ser fruto das discussões e reflexões da comunidade escolar, além de definir a função social da escola (atendo-se ao contexto em que ela está inserida). Muitas vezes, infelizmente, o documento é concebido autoritariamente, permanecendo engavetado e estanque. Os educadores, temos de lutar e transformar a realidade que muitas vezes apresenta-se mergulhada em preconceitos e arbitrariedades.
Os instrumentos jurídicos necessários nos são suficientes para forjar uma “nova escola”, uma “nona educação” pautada nos princípios democráticos e da diversidade. Cabe aos sujeitos do processo “ensinar-aprender” escolar construir um novo paradigma para a escola, onde todos sejam partícipes do processo e sujeitos de si. Para tanto, a práxis libertadora deve nortear as ações a reflexões e buscar a construção da verdadeira comunidade escolar, livre, repleta de prazer e amorosidade.

Síntese das reflexões dos educandos Isabel Cristina Elias de Carvalho, Mario Augusto Marques, Viviane Ferreira, Josiani Pereira Laurindo e Diney Lenon de Paulo, do curso de Pós-Graduação em Gênero e Diversidade na Escola, pela UFLA.