segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Marxismo, Imperialismo e Racismo no século XX



O reconhecido pensador Domenico Losurdo busca na filosofia da história a lógica racista que atravessa o século XX, segregando negros e chega até os tempos atuais avançando contra povos árabes e muçulmanos.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

História de resistência popular. Beato José Lourenço e o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto



Comunidade religiosa era liderada pelo beato José Lourenço e dividia produção e lucros. Acusados de comunistas, foram massacrados pelas forças militares em 1937.

A comunidade religiosa do Caldeirão, liderada pelo beato José Lourenço, descendente de negros alforriados e discípulo de Padre Cícero, ousou desafiar o poder do latifúndio e propor uma sociedade mais justa e humanitária, mas foi brutalmente reprimida pelas forças do estado.

O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, no município de Crato, Cariri Cearense, era composto por milhares de camponeses e romeiros que vivam na comunidade, trabalhavam coletivamente e dividiam o lucro com a compra de remédios e querosene.
Ela chegou a ter mais de mil moradores e recebeu flagelados da seca de 1932 que assolou o nordeste.

A organização da comunidade teria incomodado os coronéis, latifundiários e ,posteriormente, o governo Getúlio Vargas. Em 1937, acusados de comunistas, eles teriam sido bombardeados pelas forças do Governo Federal e da Polícia Militar do Ceará e enterrados em vala comum.

O episódio pode ter sido o maior massacre da história brasileira, com mais de mil mortos.

76 anos depois, os corpos dos romeiros ainda não foram encontrados e não existe um documento oficial que registre o acontecimento. O exército nega o massacre.

Indenização

Em 2008, a ONG cearense SOS Direitos Humanos entrou com um pedido na justiça pedindo a procura, identificação, enterro digno e indenização dos descendentes dos mortos no Caldeirão.

A ação foi arquivada, mas a ONG pediu novas buscas à Justiça.

O documentário O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto (1985, 96 minutos), de Rosemberg Cariry, conta a história a partir de depoimentos dos remanescentes e dos símbolos da cultura popular. O filme foi encontrado no canal de Daniel C. Valentim no Youtube.

Fonte: 
http://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/caldeirao-de-santa-cruz-do-deserto-o-massacre-que-o-brasil-nao-viu/

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Movimentos Sociais, América Latina e Contra-Hegemonia

por Diney Lenon de Paulo, idos de 2005.



A América Latina compõe um novo espaço político, uma nova correlação de forças entre os povos secularmente excluídos, as massas e trabalhadores subempregados, camponeses sem terra, indígenas, sem teto, estudantes, centrais sindicais, movimentos organizados e as classes burguesas locais, entreguistas, latifundiários do poder da terra, transnacionais exploradoras e acumuladoras de riqueza e banqueiros, parasitas do trabalho em função do capital.
O desmonte do estado nacional feito sob a égide do neoliberalismo, acentuadamente na década de 1990, a privatização dos setores estratégicos para o desenvolvimento de qualquer nação soberana, a formação de blocos econômicos de poder, os chamados monopólios das transnacionais, a formação dos blocos de mídia (meios de comunicação de massa, tv, jornais, internet, filmes, músicas, visuais...) toda essa transformação do capital, em sua formação, digamos, “mais cruel”, compõe o que se pode afirmar sob a ótica marxista, o “imperialismo, fase superior do capital”.
Considerada pela visão imperialista como “o quintal da América”, a América Latina teve na década passada o avanço desenfreado do capital internacional, sedento em se apoderar de nossas riquezas, de nossa cultura, impondo sua forma de pensar e agir, destruindo tudo o que é nacional, em função de seus interesses de dominação. Governos fantoches, subservientes ao capital internacional, ao interesse das multinacionais proliferaram a concepção liberal da tão aclamada “globalização”. Nosso continente foi engolido pela globalização enquanto nossos governantes faziam o desmonte do estado, a entrega do patrimônio público às transnacionais e também, contraditoriamente, não aplicando a reforma agrária, deixando milhões de pessoas entregues à sorte da vida.
Cada país, com suas devidas peculiaridades, teve sua, “antítese”, digamos que teve sua “resposta” frente ao avanço do capital. De forma breve, algumas das mais destacadas respostas às contradições que o neoliberalismo impõe. Façamos uma leitura sobre as contradições, ou seja, pensemos como Marx, busquemos as contradições que o neoliberalismo impôs e quais os reflexos dessas contradições, qual o desenvolvimento organizacional do movimento de resposta ao neoliberalismo. Sempre considerando a via materialista da história, buscando compreender como a produção da sociedade pode determinar o desenvolvimento das contradições e dos campos de atuação política.
 Em 1994, o México, mais precisamente na região de Chiapas, uma espécie de “nordeste brasileiro”, despontou para o mundo o Movimento Zapatista, liderado pelo SubComandante Marcos, um exército de mais de 15 mil soldados, homens e mulheres, lançou para o mundo o grito dos indígenas frente à sua condição subumana de existência. Nesse país, que teve a sorte de ser vizinho da maior potência imperialista da história, disse certa vez um revolucionário mexicano: “pobre México, tão longe de Deus, tão perto dos EUA!”. Os tratados de livre comércio assinados pelo governo mexicano favoreceram as empresas transnacionais, que aumentaram seus lucros às custas do aumento do desemprego e do “arrocho salarial”, formação do subemprego como categoria presente. A população que vivia na linha da pobreza antes dos acordos comerciais do NAFTA (Área de Livre Comércio da América do Norte) era de 35%, chegando aos dias atuais a 75%, dados levantados pelo Movimento Jubileu Sul, articulador do movimento contra a ALCA no continente.
Os zapatistas, nesse momento, marcham por todo o país a caminho da capital, levam aos quatro cantos do país a “outra campaña”. Um movimento que propõe um espaço alternativo aos meios tradicionais de política. Os zapatistas levantam uma demanda, que segundo, seu comandante, Marcos, se não atendidas, podem levar o país a uma guerra civil. A mobilização dos indígenas e das massas excluídas tem ganhado força a cada quilômetro percorrido nesse país há uma luta contra as instituições, um movimento que vai muito além dos partidos institucionais, é uma mobilização pela transformação das relações políticas entre classes sociais.
Poderíamos aprofundar a análise em cada país, mas isso tornaria o texto por demais extenso. De forma breve e resumida o México é uma região de nosso continente que concentra uma grande potencialidade revolucionária, o Exército Zapatista de Libertação Nacional – EZLN é uma realidade, uma força política que é fortalecida (aí reside a contradição) pelas políticas econômicas que formam um massa de miseráveis que não encontram alternativa, senão lutar contra o sistema. Ao ser indagado há poucos dias sobre o MST, no Brasil e o governo Lula, Marcos foi categórico: o governo Lula é a alternativa que os EUA têm para a América latina! Há uma dicotomia entre as demandas dos movimentos sociais e a política implementada pelo governo petista. Perguntado se acreditava que o MST poderia estar prestes a dar o “salto qualitativo” dos zapatistas, Sub-Comandante Marcos foi objetivo: Sim!
Nosso país tem seus avanços frente à política neoliberal. A década de 1990 para o Brasil foi a década da destruição. Iludidos pelo plano real, pelo tetra, pelo tenta, pela mídia e pelo discurso de FHC: “O Brasil tem de se preparar para a globalização, pois ela é um fenômeno inevitável”, nosso país deixou de ser país (se é que um dia o foi). Bancos se apoderaram de nosso sistema econômico e, pior, de nosso sistema político. A privatização foi realizada de forma desmedida e vergonhosa, como exemplo cito a privatização da vale do Rio Doce que causou “espanto” em todo o mundo. Em conseqüência dessa política aumentaram os “contingentes miseráveis e perigosos”.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST é, sem dúvida, o maior ponto de referência do Brasil quando se pensa a luta de classes. Organizado em quase todos os estados desse imenso país, o MST organiza trabalhadores urbanos (que um dia tiveram seu vínculo com a terra, mas foram expulsos), camponeses, pequenos agricultores em forma de movimento pela reforma agrária. O projeto de reforma agrária proposto pelo movimento é, na verdade, um projeto de nação, baseado em novas formas de relação produtiva, cresce a cada mobilização, é perseguido pela mídia, mas mesmo assim continua a construir a dignidade no campo.
Estudantes também se organizam nos centros urbanos, UNE e UBES são duas das maiores forças do movimento estudantil brasileiro. Com vínculos com o governo, ou seja ao estado, têm um posicionamento mais “comportado”. Uma força que desponta é o Movimento Passe Livre – MPL, mais radical, meio anáquico, mas com grande capacidade de mobilização. As centrais sindicais, enfraquecidas pelo fraco engajamento sindical dos trabalhadores, à mercê do patronato, não oferece perigo à ordem. Muitos são os movimentos de resistência no Brasil, os movimentos sociais procuram esse entrosamento, para uma luta conjunta maior. Essa busca e essa prática está presente no MST, maior movimento social do continente.
Pensando em América Latina e resistência ao imperialismo e sobre as condições objetivas de formação de uma luta continental, não se pode negar que a Ilha mais famosa do mundo, por sua perseverança e sua capacidade de promover o socialismo, resistindo fortemente ao império. Cuba é um ponto de referência inquestionável, há mais de 47 anos se firmando como nação soberana, a caminho do socialismo.
Em Cuba, os avanços nos direitos humanos são objeto de admiração em o mundo. Saúde, que significa vida; educação, que significa, crescimento e humanização; moradia e trabalho, que significa dignidade são avanços que fazem do povo cubano o povo mais culto e corajoso do mundo, a menos de 150Km da potência se afirmam como povo soberano. Com o apoio solidário da Venezuela, Cuba hoje encontra no seu principal aliado a referência que tinha há alguns anos na URSS. Avança no socialismo, tem seus problemas, mas inquestionavelmente o pais com menos desigualdade social das Américas e também com maior desenvolvimento social.
Venezuela é por excelência uma liderança, uma nova esperança na utopia socialista. Líder do continente contra o imperialismo, o governo de Chavez, sustentado pelos círculos bolivarianos é o país onde a contradição do sistema capitalista se manifesta de forma acentuada. Durante décadas, a riqueza oriunda do petróleo sempre foi “dividida” entre a elite anti-nacional. Liderado pelo Cel. Paraquedista Hugo Chavez Frias, o povo venezuelano, marcadamente a população mais pobre, ou seja, os trabalhadores caminham para o socialismo, não é um caminho para amanhã e com certezas, mas um caminho a ser feito e o está. A nacionalização da riqueza, do petróleo é a resposta mais forte que poderia ser dada ao neoliberalismo. Venezuela está à frente nesse processo, mas tem na sua “rabeira” um outro governo, novo, recém eleito, o governo do Movimiento Al Socialismo, o MAS, de Evo Morales, Na Bolívia.
Por determinação de mais de 92% da população boliviana, por ordem da constituição daquele país, Morales deu mais um golpe no imperislimo, nacionalizou os recursos naturais do país e deu início à “Revolución Agrária”. Eleito por uma massa de indígenas, por movimentos de bairros, por centrais sindicais, o MAS é o partido que emergiu do movimento social, assume o poder e tem na massa sua força, pois dela vem seu poder. A Bolívia tem um caminho de avanços pela frente, de desafios, mas com um contexto favorável, com uma massa mobilizada, disposta a lutar, se for preciso, para ver as mudanças necessárias.
Argentina é um exemplo de como o neoliberalismo foi cruel com o continente. Até mesmo o país “mais desenvolvido”, com traços “europeus” teve grandes mobilizações promovidas pelos “piqueteros”, há o desenvolvimento da mobilização de massas na Argentina, Nestor Krischiner, tem feito uma política de enfrentamento ao Fundo Monetário Internacional – FMI, mesmo sem o apoio necessário do Brasil, o presidente argentino tem feito um embate ao capitalismo internacional na economia Argentina, um exemplo é a retomada por parte do estado dos serviços de água e saneamento na região de Buenos Aires.
No Peru, Humala não venceu a majoritária, mas a coalizão de partidos e movimentos ganhou força, aumentou sua participação no parlamento e a base se fortaleceu no processo de mobilização eleitoral, não é uma derrota para as forças progressistas da América Latina, mas uma etapa da luta, que não é linear, mas dialética. Indígenas fazem marchas, bloqueiam estradas em protestos contra o Tratado de Livre Comércio com os EUA, há uma mobilização social em desenvolvimento, logicamente que não encontrará apoio no estado, mas isso amplia o foco de leitura da prática revolucionária, pois faz da luta, uma luta não pelo estado, mas contra o estado.
Na Colômbia, a ultra-direita de Uribe se manteve no poder através do “terror de estado”, baixa presença na votação, ameaça de bombas em regiões onde Uribe perderia, dessa forma. Mas não há como negar que a presença da luta armada há mais de quatro décadas das Forças Armadas revolucionárias da Colômbia – FARC é uma realidade e que a guerrilha tem grandes vitórias, como o fato de controlar cerca de 40% do território do pais, impondo sua forma de governo, suas leis e seu sistema de produção, melhorando a vida de milhares de camponeses e trabalhadores urbanos.
Para não ser extenso por demasiado, nem poderia subir mais a América, nem aprofundar a parte sul do continente. Fica aqui uma leitura superficial do processo que marca o continente americano. Há um momento em que a luta não é uma opção consciente, pode ser mesmo inconsciente, num primeiro momento, mas é determinada por uma condição material, irresistível.
A precarização da vida, a exploração do trabalho e a concentração da riqueza são como “incentivadores” para a luta revolucionária contra a ordem. O que é a ordem? É a manutenção do status quo, a permanência das relações de dominação. Em todo o continente há uma luta contra essa ordem, há avanços em todas as regiões, não há como negar. Por isso há uma histeria por parte da burguesia, expressa nos seus meios de comunicação e fabricação de ideologias. O avanço do imperialismo cria as condições objetivas para a organização da classe proletária resistir e avançar sobre o “calcanhar de Aquiles” do capitalismo, sua natureza exploradora, concentradora e excludente. Na Venezuela, na Bolívia, na Colômbia, no Brasil, são os trabalhadores que estão fazendo roda da história girar. O inimigo dos povos está claro para os movimentos e isso dá a organicidade necessária para o avanço das lutas antiimperialistas.
            As condições estão dadas, resta aos movimentos sociais do continente, aos governos progressistas e aos partidos realmente marxistas se engajarem na luta continental, cada qual com suas peculiaridades, mas com um horizonte de novas possibilidades para o povo latino-americano, de integração como sonhou um dia Simon Bolívar, ou José Martí, ou Che Guevara. A marcha caminha, forte, determinada, o capital, não recua, faz enfrentamento, mas perde espaço. Marx dizia: a burguesia cria, acima de tudo, os seus próprios coveiros”. Isso não é uma “pré-visão mística”, mas uma leitura materialista sobre as relações de produção capitalista. A história somos nós!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Músicas Revolucionárias de América Latina

Todo Cambia



Todo Cambia


Mercedes Sosa

Cambia lo superficial
Cambia también lo profundo
Cambia el modo de pensar
Cambia todo en este mundo

Cambia el clima con los años
Cambia el pastor su rebaño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Cambia el mas fino brillante
De mano en mano su brillo
Cambia el nido el pajarillo
Cambia el sentir un amante

Cambia el rumbo el caminante
Aúnque esto le cause daño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia

Cambia el sol en su carrera
Cuando la noche subsiste
Cambia la planta y se viste
De verde en la primavera

Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Pero no cambia mi amor
Por mas lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente

Lo que cambió ayer
Tendrá que cambiar mañana
Así como cambio yo
En esta tierra lejana

Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia

Pero no cambia mi amor...


Yo pisaré las calles nuevamente 


Compositor: Pablo Milanés  -  Intérprete: Pablo Milanés 


Pablo Milanés é um cantor, guitarrista e compositor cubano. Compôs várias músicas com letras fortes, de marcado sentimento revolucionário, inclusive tendo tido parcerias com brasileiros, como Chico Buarque (música, Yolanda).


Yo pisaré las calles é uma música de grande sentimento revolucionário e retrata o momento do Golpe de Estado no Chile, perpetrado por miliares em 1973, contra o presidente progressista democraticamente eleito Salvador Allende, morto num bombardeio no dia 11 de setembro ao Palácio La Moneda.

Yo pisaré las calles nuevamente 
de lo que fue Santiago ensangrentada, 
y en una hermosa plaza liberada 
me detendré a llorar por los ausentes. 

Yo vendré del desierto calcinante 
y saldré de los bosques y los lagos, 
y evocaré en un cerro de Santiago 
a mis hermanos que murieron antes. 

Yo unido al que hizo mucho y poco 
al que quiere la patria liberada 
dispararé las primeras balas 
más temprano que tarde, sin reposo. 

Retornarán los libros, las canciones 
que quemaron las manos asesinas. 
Renacerá mi pueblo de su ruina 
y pagarán su culpa los traidores. 

Un niño jugará en una alameda 
y cantará con sus amigos nuevos, 
y ese canto será el canto del suelo 
a una vida segada en La Moneda. 

Yo pisaré las calles nuevamente 
de lo que fue Santiago ensangrentada, 
y en una hermosa plaza liberada 
me detendré a llorar por los ausentes 

sábado, 15 de junho de 2013

O Brasil acordou!


por Diney Lenon de Paulo

Atenção manifestantes, ou "vândalos", como diz a grande mídia.

A manifestação nacional convocada pelo MPL para o dia 17 toma outras proporções diante do crescimento da violência dos militares contra o povo em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e outras cidades.

A questão maior agora não são os "centavos" dos aumentos. Vinte centavos não é o grande problema do povo brasileiro. Mas diante das condições de vida da população, das ações do governo a favor de empresários, banqueiros, contra a vontade do povo (ex: Copa do Mundo, ao invés de saúde, educação e trabalho) explodiram nas capitais brasileiras manifestos cívicos protagonizados por uma juventude nova, a juventude conectada na internet que sabe buscar informações alternativas às grandes mídias.

A violência desproporcional dos militares de São Paulo contra civis desarmados, as prisões arbitrárias e a manutenção de manifestantes presos, ou "presos políticos" é uma clara demonstração da situação do país: Vivemos o crescimento da democracia e, mais uma vez a história se repete, o pavor da elite governante contra "povo na rua" gera reações violentas. Vejamos o exemplo dos anos 1960, quando o povo ocupava as ruas e havia um governo mais progressista, logo veio o Golpe de 1964.

Determinações judiciais proibindo manifestações durante jogos da "Copa das Confederações" são também exemplos de que nosso "Poder Judiciário" é "anti-povo”, ou seja, classista, do lado da elite empresarial, dos banqueiros e dos latifundiários. Vejamos que a "Justiça" no Brasil está expulsando índios de suas terras (MS) para manter o domínio de fazendeiros grileiros, bandidos, assassinos. A "Justiça" no Brasil determina fiança de R$ 20.000 para manifestante e ainda quer credibilidade? A "Justiça" no Brasil multa sindicatos que fazem greve enquanto Carlinhos Cachoeira e Paulo Maluf (Ex-Governador de São Paulo procurado pela Interpol) vivem tranquilamente.

O que estamos vivendo, com a mais absoluta certeza de um militante, mas de um Cientista Social, é o crescimento da consciência popular no Brasil. Parece que nos cansamos de ver franceses na rua, italianos, gregos, espanhóis lutando por seus direitos e dizer:"brasileiro não faz nada". Os brasileiros são "filhos que não fogem à luta", basta ver nossa história de forma mais apurada (Palmares, Confederação dos Tamoios, Revolta dos Malés, Movimento Abolicionista, greves e ocupações de terras, como exemplo apenas) . Com o "fim" da Ditadura Militar há mais de 20 anos, essa nova geração está tendo a oportunidade de aprender (re-aprender) a fazer política da boa, na rua, enfrentando a injustiça que o "Estado" brasileiro não desfaz porque não é um "Estado do povo", é um Estado da burguesia. A Juventude está dando exemplo e com certeza esse grande movimento estará nos livros de história futuros (E eu é que não quero ficar de fora disso! Rsrs)

Poder judiciário, governos do PSDB, DEM e a grande mídia representam o que há de mais retrógrado no país e são comandados por grupos econômicos (empresários, multinacionais, banqueiros, fazendeitos) e indivíduos que não amam seu povo brasileiro, não sofrem coma dor do seu povo, pelo contrário, são uma elite nojenta que ama “fazer compra em Miami, levar os filhinhos para Disney”. Vejamos em São Paulo: estudantes clamando: "Sem violência" e qual a ação dos militares comandados por Alckimin (PSDB)? Porrada! E a mídia? Chama o povo de “vândalos” (apesar de ter havido uma pequena mudança depois que seus repórteres foram atacados, tamanha a violência dos militares contra tudo e contra todos que estavam nas ruas).

Em ditaduras, manifestações são proibidas e há "toques de recolher", quando o governo proíbe que grupos de pessoas fiquem na rua. É isso que está acontecendo. Com medo de perderem o controle sobre o "pacato povo brasileiro", a reação violenta deve ser "exemplar" para coibir que outros se aventurem a lutar por seus direitos. O que querem é que fiquemos atentos à Copa, às novelas, ou seja, querem que permaneçamos alienados diante da exploração cotidiana.

Nesse sentido, a luta no Brasil hoje, graças à burrice do governo paulista e da truculência dos militares ultrapassa a questão do aumento das passagens, mas é uma luta pela democracia verdadeira, pelo direito do povo ocupar as ruas e se manifestar, mas acima de tudo, ser ouvido!
Quando ouço aquela historinha de "deitado eternamente em berço esplêndido", me sinto incomodado, pois como diz Renato Russo, nosso passado (de acordo com a história oficial da elite) é um "passado de absurdos gloriosos". Na verdade, um filho dessa Pátria não foge à luta e é por isso que o povo deve ocupar as ruas e praticar a desobediência civil, ao melhor estilo de Ghandi, Luther King, Mandela, personagens que entraram para a história por desafiarem leis injustas e sonharem e viverem o sonho de outro mundo.

A juventude não é o futuro do Brasil, ela é o presente!

Avante, povo brasileiro! Nenhum passo atrás!

Venceremos!

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Mujica na Rio + 20


Pepe Mujica, o mundialmente conhecido Presidente de nossa querida pátria irmã, a Rpública Orietnal del Uruguay, é um dos grandes líderes latinoamericanos que compõe a via alternativa de desenvolvimento ao neoliberalismo. 

Ex-guerrilheiro dos Tupamaros, movimento que faia frente à Ditadura, que durou 18 anos, 14, dos quais passou na prisão.Militante de esquerda, quando deixou a cadeia com o fim da ditadura voltou a vida política institucional e se tornou Presidente em 2009 e desde então tem aprovado mudanças importantes para os uruguaios.

É mundialmente como o "presidente mais pobre do mundo", título que não aceita, pois não reduz riqueza a bens materiais, pelo contrário. Recebe cerca de 25 mil reais e doa 90% para instituições sociais, além de ter aberto mão de residir no Palácio presidencial para continuar morando em seu sítio, onde planta flores.
A sabedoria desse grande homem, que viveu experiências profundas e significativas o faz constar entre as maiores lideranças mundiais que se unem contra o imperialismo. 

Segue abaixo o vídeo do Presidente Mujica no encontro mundial da RIO + 20

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Resistência Negra. Entre armas, batuques e folguedos populares


por Diney Lenon de Paulo


Força que se opõe a outra

A opção pelo estudo da resistência negra através de suas lutas ocupa muitas vezes o centro das pesquisas sobre a resistência escrava e negra diante da dominação hegemônica branca.
A importância da leitura sobre a resistência cultural e de afirmação identitária possui enorme relevância para o entendimento sobre a dimensão da luta pela emancipação política, econômica e cultural dessa população que, ainda nos dias atuais, procura um espaço de igualdade, sem preconceito e de respeito à diversidade.
Resistência é um termo que, segundo Ferreira (2000, p. 601) possui o significado de “força que se opõe a outra”. Nesse sentido, falar da resistência da população negra, ex-escrava e afrodescente nos dias atuais é também refazer um caminho reflexivo sobre suas lutas, revoltas e movimentos políticos, a exemplo da luta de Palmares, da Revolta dos Alfaiates, da Revolta dos Malés. Assim, retomar a questão da resistência negra é, sobretudo, perceber que no emaranhado das lutas de resistência há um complexo cultural contra-hegemônico, de identidades complexas resistentes à escravidão, dominação política, física, mas também à dominação cultural.
O presente artigo tem por objetivo refletir essencialmente sobre os aspectos da resistência cultural negra. Valendo-se também de exemplos históricos da resistência, ou das lutas de emancipação escrava ora citados, deverá discorrer sobre a resistência cultural negra através de suas manifestações culturais, em especial, a Congada.
As manifestações culturais que ora são objeto de análise, o são porque possuem significado importante na constituição das identidades resistentes. Segundo Celso Prudente (2010, p. 48), na busca “das características dos impérios africanos, os negros demonstravam também um passado de profunda organização política, próprio de uma história também marcada por poder e conquista”.


História e cultura resistente

Na segunda metade do século XVII, Palmares, situado na atual região da Serra da Barriga, estado do Sergipe, constituiu um espaço de socialização e resistência à escravidão. Com modelo próprio para sua produção econômica e de organização familiar alternativo ao padrão cristão hegemônico, era composto o grande Quilombo de negros, índios e brancos marginalizados que não compunham a sociedade tradicional escravocrata.
Esse espaço, onde a produção econômica era distribuída de forma comunitária, representava, segundo Clóvis Moura (1998, p. 170), a “própria antítese da apropriação monopolista dos senhores de engenho e da indigência total dos escravos produtores”.  Nesse sentido é possível afirmar que desde os primeiros movimentos de resistência negra à escravidão elementos culturais contra-hegemônicos se faziam presentes nas lutas e movimentos políticos de resistência.
Com forte influência da Revolução Francesa, consagrada em 1789, a Revolta dos Alfaiates também agregou elementos culturais de resistência do povo negro. Apesar de representar um movimento coordenado inicialmente pela elite local branca, a revolta por esta foi abandonada e “deixada” nas mãos de grupos populares. A inspiração libertária oriunda do velho continente resultou num ato de extrema ousadia explicitada nas palavras de Prudente (2010):

Em 12 de agosto de 1798, os soteropolitanos acordaram com uma surpresa. Nas principais ruas de Salvador, nas paredes e nos muros havia boletins com mensagens revolucionárias. Encontrava-se, também, um programa da revolução que questionava o clero, o poder e propugnava a igualdade e a liberdade para todos. No documento, a questão do direito racial era evidente (PRUDENTE, 2010, p. 24)

                No caso da Revolta dos Malés é possível identificar de forma mais clara o elemento cultural presente na luta de resistência dos negros escravos. A complexidade cultural do continente africano é destacada nesta revolta quando se dá conta que os principais agentes revolucionários professavam a fé islâmica e exatamente em defesa desta e afrontando a hegemonia cristã, ou seja, o poder de seus senhores e se rebelam no ano de 1835.
                A revolta é sufocada e seus líderes condenados ao degredo, à pena de morte e à prisão, mas marcou na história da resistência negra e escrava um momento de luta contra a dominação não só política, escravocrata, mas particularmente cultural, pois os malés, ou muçulmanos em iorubá, conforme esclarece Prudente (2010) lutaram em defesa da sua cultura, da sua identidade, com aspirações revolucionárias.
                No decorrer do processo de luta pela liberdade e pela sobrevivência da cultura negra, outras formas de embate e resistência foram adquirindo forma. Assim, entre armas e batuques os folguedos populares emergiram de contextos de luta e de afirmação identitária, não podendo a hegemonia dominante desprezá-los, restando então incorporá-los.

                A Congada como mediação de uma identidade consentida

                Folguedo popular de origem africana, as Congadas assimilaram elementos da hegemonia dominante (cristã) com elementos da resistência negra. O negro escravizado, nos atos simbólicos que o folguedo encena assume posições de comando que na real sociedade colonial e escravocrata não lhe é permitido, ou possível.
                Mesmo diante de uma manifestação originalmente negra, africana, sua “aceitação” pela cultura dominante branca e cristã se deu ao fato das congadas, ou dos Ternos de Congos terem necessariamente ligação com as confrarias religiosas, ou irmandades, incorporando assim elementos dominantes da cultura cristã. Essa identidade consentida acabou por permitir a participação do negro no espaço de poder branco, como afirma Prudente (2010), mas dentro de uma relação ainda dominante da fé hegemônica.
                O auto dramático que promove a coroação do rei e da rainha do Congo, aprisionados e trazidos ao Brasil na condição de escravos e reconhecidos por seus súditos possibilita aos negros partícipes e devotos dessa tradição um momento de reafirmação de suas identidades. Essa tradição tem o primeiro registro de sua existência no ano de 1733. O negro rei em questão, primeiro rei Congo que se tem notícias nas Minas Gerais, segundo Maria José de Souza (2002), trata-se de Chico Rei:

Registra-se a existência de dança de negros em Vila Rica desde o início do ciclo minerador, mas conclui-se que a fonte criadora das diversas modalidades de Reinados de Congos, esteja ligada às solenidades que todos os anos promovia Chico Rei, considerado primeiro Rei Congo. A primeira documentação em que se aparece o cortejo de negros da Irmandade do Rosário dos Pretos é na procissão do Triunfo Eucarístico realizado em Ouro Preto, em 24 de maio de 1733 (SOUZA, 2002, p. 98).

                Desde os primeiros registros de manifestações culturais negras nas Minas Gerais é possível constatar a presença das Irmandades. Esse salvo-conduto do poder dominante está presente na história das Congadas em Minas Gerais. Com o exemplo de Poços de Caldas, levantado por Souza (2002) pode-se constatar que o surgimento do primeiro terno de congos se dá após a criação da Igreja de São Benedito, em 1905, por Herculano de Araújo Cintra e registro da Irmandade de São Benedito, cujos estatutos foram registrados em Belo Horizonte no ano de 1916.
                A festa em Poços de Caldas acontece, diferentemente de outros tantos municípios mineiros, em maio, tendo início no primeiro dia do mês e sua consagração no dia 13. Essa data tem ligação com os desígnios do poder dominante, pois consta que a doação de área para a Irmandade de São Benedito com o intuito de se levantar a igreja do “santo negro” foi realizada pelo Coronel Agostinho e este completava anos no dia 13 de maio, assim a festa já centenária de São Benedito, em Poços de Caldas, ou a festa das Congadas acabou por ser associada ao “padrinho do Santo”.
                Ao negro foi permitida a afirmação de sua identidade e manifestação de sua cultura, mas dentro de uma esfera ainda de dominação e supremacia dos valores cristãos dominantes. Há uma incorporação da cultura negra pela cultura hegemônica com a imposição de alguns limites que tinham por objetivo coibir a expressão de sua grandeza cultural. Como evidencia Prudente (2010)

O negro entra na Igreja, na condição de negro, configurando condição sócio-econômica. Entretanto, o afrodescendente é proibido de entrar no espaço da fé cristã com o valor do negro, implicado no saber essencial da tradição religiosa, evitando a expressão de sua grandeza cultural, possível espaço onde se localiza sua ontologia negada (PRUDENTE, 2010, p. 50).

                Ao abordar a questão sobre esse sincretismo presente na constituição das congadas, Souza (2002, p. 109)) é contundente ao afirmar que a permissão dada aos negros para a constituição de seus reinados “era dada visando diminuir suas forças, pois se fosse permitido aos negros que se reunissem, as suas vistas, poderia se evitar desse modo que eles fossem procurar o Reinado real dos aquilombados”.
                Os congados são desse modo expressões da resistência cultural negra presente nos dias atuais e que trazem em sua história elementos da cultura dominante. Na perspectiva do cotidiano atual, onde a cultura dominante, cristã e branca exercem sua hegemonia sufocante, os congados constituem-se como resistência, mesmo tendo sido erigidos sob as rédeas da cultura hegemônica, pois se fazem a partir da expressão negra, das suas danças, das suas cores e dos seus cantos.
                A afirmação identitária da população negra, ex-escrava passa necessariamente pela compreensão de sua história, das lutas e resistência contra o seu extermínio, físico e cultural. Presentes em todos os momentos de luta contra a escravidão, pela igualdade racial, os elementos culturais negros, mesmo “desvirtuados” pela hegemonia cultural dominante se constituem como importante fundamento da resistência.
Mesmo diante das discrepantes relações de poder que marcam a história do conflito entre dominadores e dominados no Brasil, a cultura oprimida tem se formado no processo dialético “da luta da força que se opõe à outra”. Assim, conhecer, valorizar e reafirmar a cultura dos oprimidos, dos negros é reforçar essa luta, no sentido de se constituir uma correlação de forças mais favorável à emancipação dessa população secularmente reprimida e, acima de tudo, forjar uma sociedade baseada na tolerância e no respeito à diversidade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PRUDENTE, Celso. Gênero e Diversidade na Escola. Ufla: Lavras, 2011.
SOUZA, Maria José de. O reinado dos Congos. In: Revista Comissão Mineira de Folclore. N. 23, agosto de 2002.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Chega de extermínio de moradores de rua

Fonte: JORNAL BRASIL DE FATO www.brasildefato.com.br 





Faço quatro pedidos à ministra Maria do Rosário da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR): 1. que, na grande Goiânia, os moradores de rua sejam incluídos no Sistema de Proteção a Pessoas Ameaçadas do governo federal; 2. que as investigações das mortes de moradores de rua sejam federalizadas imediatamente; 3. que os resultados das investigações sejam públicos e amplamente divulgados na mídia; 4. que os responsáveis sejam processados, julgados e condenados com rigor e rapidez
 Frei Marcos Sassatelli *

De 12 de agosto de 2012 a 6 de abril deste ano, 28 moradores de rua foram barbaramente assassinados em Goiânia e na grande Goiânia, a maioria jovens, adolescentes e até crianças. Pela sua gravidade e pelo seu requinte de crueldade, o caso teve, e ainda tem, uma repercussão nacional e internacional.
Estima-se que, em Goiânia, existam cerca de 900 pessoas em situação de rua.
Sábado passado, dia 6 deste mês, foi realizada na capital goiana uma reunião de emergência com a presença de uma Comissão do Governo Federal, coordenada pelo Secretário Nacional da Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Gabriel Rocha - que veio de Brasília especialmente para isso - e representantes de diversas entidades locais de defesa dos direitos humanos.
Na reunião, da qual participei, ficou claro que existe na grande Goiânia “uma política de extermínio seletivo”. “Goiânia - diz o Secretário Nacional - tem grupo de extermínio”. O caso é gravíssimo. O medo se espalha entre os moradores de rua.
Diante da inoperância do governo estadual, de sua incapacidade de resolver o problema e, sobretudo, diante de fundadas suspeitas da existência de um grupo de extermínio, o governo federal não pode ser omisso. Ele precisa intervir com urgência e rapidez.
Em nome da Pastoral dos Povos de Rua do Vicariato Oeste da Arquidiocese de Goiânia e, penso poder dizer também, em nome de todos aqueles e aquelas que lutam na defesa dos direitos humanos e, de maneira especial, da vida dos moradores de rua, faço quatro pedidos à ministra Maria do Rosário da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR):
1. Que, na grande Goiânia, os moradores de rua sejam incluídos, com a máxima urgência, no Sistema de Proteção a Pessoas Ameaçadas do governo federal;
2. Que as investigações das mortes de moradores de rua sejam federalizadas imediatamente;
3. Que os resultados das investigações sejam públicos e amplamente divulgados na mídia;
4. Que os responsáveis sejam processados, julgados e condenados com rigor e rapidez.
Chega de tanta violência e de tanta barbárie! Chega de extermínio de moradores de rua! É o que todos e todas nós esperamos. Os moradores de rua são nossos irmãos e irmãs. Eles e elas têm a mesma dignidade e o mesmo valor que nós temos.

Frei Marcos Sassatelli é frade dominicano.

Chega de extermínio de moradores de rua

Fonte: JORNAL BRASIL DE FATO www.brasildefato.com.br 




Faço quatro pedidos à ministra Maria do Rosário da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR): 1. que, na grande Goiânia, os moradores de rua sejam incluídos no Sistema de Proteção a Pessoas Ameaçadas do governo federal; 2. que as investigações das mortes de moradores de rua sejam federalizadas imediatamente; 3. que os resultados das investigações sejam públicos e amplamente divulgados na mídia; 4. que os responsáveis sejam processados, julgados e condenados com rigor e rapidez
 Frei Marcos Sassatelli *

De 12 de agosto de 2012 a 6 de abril deste ano, 28 moradores de rua foram barbaramente assassinados em Goiânia e na grande Goiânia, a maioria jovens, adolescentes e até crianças. Pela sua gravidade e pelo seu requinte de crueldade, o caso teve, e ainda tem, uma repercussão nacional e internacional.
Estima-se que, em Goiânia, existam cerca de 900 pessoas em situação de rua.
Sábado passado, dia 6 deste mês, foi realizada na capital goiana uma reunião de emergência com a presença de uma Comissão do Governo Federal, coordenada pelo Secretário Nacional da Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Gabriel Rocha - que veio de Brasília especialmente para isso - e representantes de diversas entidades locais de defesa dos direitos humanos.
Na reunião, da qual participei, ficou claro que existe na grande Goiânia “uma política de extermínio seletivo”. “Goiânia - diz o Secretário Nacional - tem grupo de extermínio”. O caso é gravíssimo. O medo se espalha entre os moradores de rua.
Diante da inoperância do governo estadual, de sua incapacidade de resolver o problema e, sobretudo, diante de fundadas suspeitas da existência de um grupo de extermínio, o governo federal não pode ser omisso. Ele precisa intervir com urgência e rapidez.
Em nome da Pastoral dos Povos de Rua do Vicariato Oeste da Arquidiocese de Goiânia e, penso poder dizer também, em nome de todos aqueles e aquelas que lutam na defesa dos direitos humanos e, de maneira especial, da vida dos moradores de rua, faço quatro pedidos à ministra Maria do Rosário da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR):
1. Que, na grande Goiânia, os moradores de rua sejam incluídos, com a máxima urgência, no Sistema de Proteção a Pessoas Ameaçadas do governo federal;
2. Que as investigações das mortes de moradores de rua sejam federalizadas imediatamente;
3. Que os resultados das investigações sejam públicos e amplamente divulgados na mídia;
4. Que os responsáveis sejam processados, julgados e condenados com rigor e rapidez.
Chega de tanta violência e de tanta barbárie! Chega de extermínio de moradores de rua! É o que todos e todas nós esperamos. Os moradores de rua são nossos irmãos e irmãs. Eles e elas têm a mesma dignidade e o mesmo valor que nós temos.

Frei Marcos Sassatelli é frade dominicano.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Especulação imobiliária e o direito à Cidade em Poços de Caldas



Terreno situado na Av. Champagnat ocupa quase um quarteirão e nunca cumpriu função social. De acordo com a Constituição Federal, pode até ser desapropriado

Exemplo do uso do espaço público para interesse privado

Questão: Se fosse um vendedor ambulante usando o 
espaço público, teria essa tranquilidade?

Casas Bahia usando o espaço público

Cracolândia, mais policiais que agentes de saúde

por Eduardo Sales de Lima (Brasil de Fato)

Estratégia de “limpeza social” não deu certo


O fracasso da ação do Estado na Cracolândia refletiu a opção pela repressão policial às ações de agentes de saúde. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, desde janeiro ocorreram 489 prisões, mais de 6 mil encaminhamentos para serviços de saúde e 775 internações, além de 66 quilos de drogas apreendidos.
Seis meses depois das ações repressivas da PM, a região, que abrange os bairros de Campos Elíseos e da Luz, continua com massiva presença de dependentes de crack. A pretendida “limpeza” da área pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), em parceria com a administração Gilberto Kassab (PSD), não deu certo. (com informações da Rede Brasil)